sexta-feira, 24 de março de 2017

CONGESTÃO NASAL E CONGESTÃO REBOTE POR USO DE DESCONGESTIONANTES NASAIS



Quem convive com a congestão nasal sabe o quanto a situação afeta a qualidade do sono, a vida cotidiana, o trabalho, a escola, ou seja, a qualidade de vida de modo geral. 

A congestão nasal pode ser causada por diversos fatores:
- Efeito colateral do uso de outros medicamentos (diuréticos, ansiolíticos, pílulas anticoncepcionais e pílulas de disfunção erétil, medicamentos beta-bloqueadores e outros medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão, anti-inflamatórios analgésicos como aspirina e ibuprofeno, e o uso inadequado de descongestionantes nasais);
- Constante exposição a fumaças em geral;
- Hiperatividade da glândula tireoide;
- Expor-se a mudança brusca de temperatura;
- Estresse;
- Gestação;
- Rinites; 
- Pólipo nasal;
- Desvio de septo;
- Inchaço da glândula adenoide; 
- Quadros alérgicos e resfriados. 

Para descobrir a causa da sua Congestão Nasal é importante consultar um médico para investigar a possível causa da congestão através de exames específicos. Evite incluir na sua rotina o uso de um medicamento que pode ser não mais que um paliativo. 

Muitas pessoas recorrem ao uso de soluções descongestionantes nasais que apresentam em sua composição substâncias como fenilefrina, nafazolina, oximetazolina, metoxamina, tramazolina, fenoxazolina. Estas são substâncias capazes de promover vasoconstrição na mucosa nasal. 

No Brasil, os medicamentos comumente utilizados por adultos são: Neosoro, Sorine e Afrin dentre uma relação enorme de descongestionantes nasais tópicos.

A recomendação geral é que esses medicamentos não sejam utilizados por mais de 3 ou 5 dias (o que depende da substância) e que a dose e frequência de uso não sejam excedidas além da quantidade recomendada. 

Esses medicamentos podem provocar reações adversas como efeitos neurológicos centrais (cefaleia, convulsões e acidente vascular cerebral) e efeitos cardiovasculares (crise hipertensiva, taquicardia e palpitação). 

Também o que sempre está relacionado ao uso de descongestionantes nasais tópicos é o fenômeno de Congestão Rebote. Porém esse fenômeno ainda não é comprovado por pesquisas controladas embora seja constatado clinicamente. 

Efeito Rebote por uso de Descongestionantes Nasais Tópicos:

O termo "Congestão Rebote" foi utilizado por Feinberg e Friedlander em 1944 para descrever a congestão nasal experienciada após o uso de Nafazolina. A congestão rebote resulta do uso prolongado de descongestionantes ou do uso de uma dose superior à dose recomendada.  

Tecnicamente, como acontece a Congestão Rebote?

A rede vascular da mucosa nasal é dividida em arteríolas (são os vasos de resistência) e veias (os vasos de capacitância). A mucosa é cercada por fibras nervosas simpáticas adrenérgicas (apresentam receptores alfa e beta adrenérgicos). Os receptores alfa adrenérgicos são predominantes na mucosa nasal e ao serem ativados ocorre a vasoconstrição. 

A atividade vasomotora de veias é regulada por ambos receptores alfa-1 e alfa-2, enquanto a atividade das arteríolas é regulada por receptores alfa-2. 

Os descongestionantes nasais mimetizam o a ação da noradrenalina em receptores alfa-1 e alfa-2. Dessa maneira o medicamento estimula os receptores ou induz de forma indireta a liberação de noradrenalina das vesículas de armazenamento. 

De acordo com Mortuaire e colaboradores, duas hipóteses farmacobiológicas foram formuladas com base em pesquisas realizadas com indivíduos saudáveis para explicar a Congestão rebote:

1º) O efeito pode ser devido a isquemia da mucosa nasal. Essa isquemia predisporia ao desenvolvimento de edema intersticial. O descongestionante nasal estimula receptores alfa-2 induzindo intensa vasoconstrição de arteríolas da submucosa. 

2º) O número de receptores alfa-adrenérgicos da membrana seria diminuído por desregulação e a produção endógena de noradrenalina seria diminuída por feedback pré-sináptico negativo. Tais efeitos induziriam a relativa dilatação dos plexos venosos sinusoidais submucosos devido a perda de vasoconstrição venosa dinâmica. Receptores adrenérgicos poderiam também tornar-se refratários a descongestionantes nasais, fazendo com que o indivíduo acometido pela congestão nasal aumentasse a dose do medicamento em busca de melhor resposta. Este fenômeno seria associado com sensibilidade diminuída para catecolaminas, afetando especialmente receptores alfa-1. 

Embora não se tenha conseguido comprovar através de pesquisas a Congestão Rebote, vemos no dia-a-dia o quanto é comum tal manifestação em pessoas que utilizam Descongestionantes Nasais Tópicos. 

Quais medidas tomar ao desconfiar que sofre de Congestão Rebote por uso de descongestionantes nasais?

Após uso prolongado de descongestionantes nasais, na tentativa de abandonar o uso do medicamento, o que ocorre automaticamente é a obstrução nasal quase total, o que causa grande aflição no indivíduo trazendo-o de volta para o uso. Portanto recomenda-se:

- Retirar a aplicação do medicamento de apenas uma narina, continuando o uso na outra narina. Em 15 dias desaparecerá a Congestão Rebote e a narina que não recebeu o medicamento estará sem edema. Assim é possível agora retirar a aplicação do descongestionante também na outra narina.

- Utilizar solução salina tópica ou spray. Existem as soluções hipertônicas (Rinosoro sic 3%, Sorine H, e soro fisiológico (Fluimare, NasoClean, Maresis, Rinosoro sic 0,9%). Essas soluções ajudam a manter a mucosa umidificada.

- Fazer Inalação de vapor de água (através de banho quente ou utilizando um umidificador).

- Aumentar a ingestão de líquidos e sopas quentes, mas diminuir a ingestão de bebidas cafeinadas.

- Utilizar tiras dilatadoras nasais.

- Recorrer a medicamentos homeopáticos ou antroposóficos, que podem auxiliar nesse processo. Consulte um médico homeopata ou um farmacêutico homeopata para sanar suas dúvidas.




Sugestões de leitura:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1879729612001378
https://patient.info/pdf/29161.pdf#
http://www.advancedentandallergy.com/webdocuments/nasal-spray-addiction.pdf



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